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terça-feira, fevereiro 28, 2006

Trepadeiras



Hoje amontoam-se coisas, filmes, pessoas. Amontoam-se vidas e a gente vai seguindo meio sem rumo, sem vontade. Guiados pela biologia, que tenta a auto-preservação a todo custo.

As coisas andam tão superficiais... talvez, por isso, eu esteja tão à flor da pele. Que ninguém mais dá valor ao pensar. O exercício de refletir a vida não é mais uma dádiva dos sábios, mas um defeito dos sonhadores. E a gente simplória ganha terreno. Como trepadeiras, vão amarrando as engrenagens dos sonhos, sufocando o subjetivo da vida até prendê-la ao chão, como um galho seco e sem seiva.

E logo percebo, repensando a vida como um “ladrão de cataventos”, que essas pessoas são as que sofrem menos. A ignorância as liberta da angustiante busca pelo sentido de ser. E elas continuam trabalhando e consumindo, e consumindo e se entregando, pra esquecer da dor que é viver.

E nem têm tempo de apreciar uma bela pintura...



van gogh


segunda-feira, fevereiro 27, 2006



essa é a foto que uma amiga tirou da torre. esse carro aí à direita quase a atropelou, enquanto ela fazia contorcionismos no chão para conseguir o melhor ângulo.

ela é do tipo que se arrisca por uma boa foto. é do tipo que fala da vida com o olhar brilhando e o sorriso solto...

eu amo as pessoas que arriscam a vida por uma boa foto.


sábado, fevereiro 25, 2006


"... ela não chegou a viver mais que três meses. nasceu com um problema genético e o coração não resistiu. muitas vezes, quando estou mais só, penso que ela se transformou num anjo distraído, que toma conta dos que têm alma de poeta"

Todos instáveis



"quando Roberta chegou, suas asas brilhando azuis por todos os lados, não resisti. Agarrei-a pelos cabelos, puxei seu colo em minha direção, mordi seus mamilos com cruel delicadeza... ela nem teve tempo de dizer que os anjos não tinham sexo"

ELA: Era para ser assim?
ELE: Não, no final a gente terminava com um beijo selando o nosso amor.
ELA: Mas por quê mudou o final? As pessoas gostam de finais felizes... vende mais.
ELE: Você acredita em finais felizes?
ELA: Se chegou ao final é porque acabou-se a felicidade (tempo, ela olha pra cima como se recordasse, e continua) felicidade e final não combinam.
ELE: Quando foi que você começou a ficar irônica?
ELA: Quando a inocência morreu.
ELE: Mas você disse que tinha perdoado, que devíamos passar uma borracha, que aquela tinha sido apenas uma aventura, coisa de homem...
ELA: Nunca racionalize o que não é racional.

domingo, fevereiro 19, 2006

sem inspiração - parte 3




Agora eu estou aqui, sentado em frente ao computador, tentando escrever alguma coisa. Meu olhar frente à tela, como a interrogar:

"será que essa radiação está fazendo crescer uma laranja em meu cérebro?"

desligo rapidamente...

sem inspiração - parte 2



"então me diz qual é a graça
de já saber o fim da estrada
quando se parte rumo ao nada?"

Paulinho Moska

sexta-feira, fevereiro 17, 2006

sem inspiração, parte I




Obrigado (Por Ter Se Mandado)

Cazuza

Obrigado
Por ter se mandado
Ter me condenado a tanta liberdade
Pelas tardes nunca foi tão tarde
Teus abraços, tuas ameaças

Obrigado
Por eu ter te amado
Com a fidelidade de um bicho amestrado
Pelas vezes que eu chorei sem vontade
Pra te impressionar, causar piedade

Pelos dias de cão, muito obrigado
Pela frase feita
Por esculhambar meu coração
Antiquado e careta
Me trair, me dar inspiração
Preu ganhar dinheiro

Obrigado
Por ter se mandado
Ter me acordado pra realidade
Das pessoas que eu já nem lembrava
Pareciam todas ter a tua cara

Obrigado
Por não ter voltado
Pra buscar as coisas que se acabaram
E também por não ter dito obrigado
Ter levado a ingratidão bem guardada

Pelos dias de cão, muito obrigado
Pela frase feita
Por esculhambar meu coração
Antiquado e careta
Me trair, me dar inspiração
Preu ganhar dinheiro
me trair, me dar inspiração
preu ganhar dinheiro...


Cazuza, de novo...